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SEDE ASSEMBLEIA DE DEUS MINISTERIO DE SANTOS A PIONEIRA FUNDADA EM 1924

SEDE ASSEMBLEIA DE DEUS MINISTERIO DE SANTOS  A PIONEIRA FUNDADA EM 1924

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A Bíblia e a Palavra de Deus

A. O LIVRO ESPECIAL DE DEUS
A Palavra de Deus — a Bíblia Sagrada — é o Livro especial de Deus. Ela não é como os outros livros, mas é um Livro sobrenatural. Foi escrita por muitas pessoas diferentes, as quais escreveram através da inspiração do Espírito Santo de Deus (veja 2 Timóteo 3:16).
A Bíblia é o Livro mais vendido do mundo. Ela consistentemente vende mais do que qualquer outro livro.
A Bíblia já foi traduzida mais do que qualquer outro livro do mundo. Foi originariamente escrita em três línguas — Hebraico, Aramaico e Grego. A Bíblia que você tem foi traduzida por pessoas dedicadas a fim de que você possa ter as palavras, pensamentos e planos de Deus.
A Bíblia é também um dos livros mais antigos do mundo. Os trechos mais antigos da Bíblia remontam a quase 4.000 anos. No entanto, ela ainda é o livro mais moderno do mundo hoje em dia, pois nela encontramos as respostas às maiores perguntas da vida:
"De onde eu vim?"
"Por que estou aqui?"
"Para onde irei?"
Muito embora a Bíblia seja constituída de 66 livros menores, ela tem apenas um único tema central: o plano amoroso de Deus para resgatar a humanidade.
Na frente da Bíblia você encontra uma lista dos 66 livros que nela podem ser encontrados.
A Bíblia é dividida em duas partes:
O Antigo Testamento e
O Novo Testamento.
O Antigo Testamento nos fala sobre a obra de Deus com o Seu povo antes do nascimento de Jesus.
O Novo Testamento nos fala sobre o nascimento de Jesus, a Sua vida, o Seu grande ministério de curas e perdão para os enfermos e pecadores, a Sua morte numa cruz, a Sua ressurreição dos mortos, e a Sua ascensão (retorno ao Céu).
Ele também nos fala sobre a continuação do Seu ministério de cura e perdão através dos que O viram após a Sua ressurreição.
Os que seguem os ensinos de Jesus executam muitas obras milagrosas, exatamente como Ele disse que fariam (veja João 14:12).
Os ensinos dos que O viram depois que Ele ressuscitou dos mortos estão contidos nas Epístolas (Cartas). Eles foram escritos nos primeiros cinquenta anos após a ressurreição de Jesus e compõem cerca da metade do Novo Testamento.

B. ESTUDE A BÍBLIA
O relacionamento mais importante que você pode ter nesta vida é com Deus. Através da leitura da Bíblia você chega a compreender a natureza de Deus — os Seus pensamentos, Seus planos e as Suas promessas para você.
A lista (índice) na frente da Bíblia o ajuda a encontrar o número da página do trecho da Bíblia que você talvez queira estudar.
Para ajudá-lo a encontrar trechos específicos da Bíblia, os tradutores organizaram o texto em:
Livros,
Capítulos dentro dos Livros, e
Versículos dentro dos Capítulos. Por exemplo, se você encontrar uma referência do tipo "Gênesis S:15", isto significa:
O LIVRO de Gênesis,
CAPÍTULO três, e
VERSÍCULO quinze.

C. EIS AQUI A MAIOR PROMESSA DO MUNDO
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigénito, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna " (Jo 3:16).

D. O PROPÓSITO DA PALAVRA DE DEUS
" ...as sagradas Escrituras... podem torná-lo sábio para a salvação através da fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para o ensinamento, a repreensão, a correção, e o treinamento em retidão'' (2 Tm 3:15,16).
"O Seu divino poder nos deu tudo o que necessitamos para a vida e a piedade através do nosso conhecimento através d'Aquele que nos chamou através da Sua Própria glória e bondade.
"Através destas coisas Ele nos deu as Suas grandiosíssimas e preciosíssimas promessas, a fim de que através delas vocês possam participar da natureza divina e escapar da corrupção do mundo que é causada pelos desejos malignos" (2 Pe 1:3,4).

E. A PALAVRA DE DEUS PRODUZ VIDA
" ...As palavras que Eu lhes falei são espírito e vida" (Jo 6:63).
1. Ela é Criativa
"Pela PALAVRA DO SENHOR foram feitos os céus, e os seus exércitos de estrelas, pelo sopro da Sua boca... Porque Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou e tudo se firmou'' (Sl 33:6,9). Veja também Hebreus 11:3.

F. A PALAVRA DE DEUS É COMO ÁGUA
1. Ela Limpa
Começamos a vida no Reino de Deus totalmente "lavados" pela Palavra de Deus. “Vocês já estão limpos por causa da palavra que lhes falei" (Jo 15:3). Veja também Efésios 5:25-27.
2. Ela Nos Mantém Limpos
A Palavra de Deus, plantada em nossos corações, nos mantém livres do pecado.
"Como pode o jovem manter o seu caminho puro? Vivendo de acordo com a Tua Palavra... Escondi a Tua palavra no meu coração para não pecar contra Ti" (Sl 119:9,11).

G. A PALAVRA DE DEUS É LUZ PARA AS NOSSAS VIDAS
"E temos a palavra dos profetas mais estabelecida, e será bom para vocês prestarem atenção a ela, como uma luz que brilha num lugar escuro, até o dia raiar e a estrela da manhã aparecer em seus corações"(2 Pe 1:19). 1. Ela Dá Entendimento

Num Mundo de Trevas
" ...Os mandamentos do Senhor são radiantes e iluminam os olhos"(SI 19:8).
"A Tua Palavra é uma lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho... A entrada das Tuas palavras dá luz; ela dá entendimento aos símplices"(Sl 119:105,130).

H. A PALAVRA DE DEUS
É COMIDA ESPIRITUAL "Jesus respondeu; Está escrito; 'O homem não vive só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus'" (Mt 4:4).
1. Ela Produz Um Crescimento Espiritual
"Irmãos, não pude falar com vocês na qualidade de pessoas espirituais, e sim carnais — meros bebês em Cristo. Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam prontos para isto... " (1 Co 3:1,2).
"Semelhantemente a bebês recém-nascidos, desejem ardentemente o puro leite espiritual, a fim de que vocês possam crescer através dele em sua salvação " (1 Pe 2:2).
O objetivo de Deus para cada um de nós é expresso em Efésios 4:12-15:
" ...para que o Corpo de Cristo possa ser edificado até que todos alcancemos a unidade na fé e no conhecimento do Filho de Deus e nos tornemos maduros, alcançando a estatura completa da plenitude de Cristo. ''

I. A PALAVRA DE
DEUS É UMA SEMENTE
Em Lucas 8:14,15, Jesus contou aos Seus discípulos a parábola do semeador.
No versículo 11 Ele disse: "A semente é a Palavra de Deus. '' A vontade de Deus para as nossas vidas é que sejamos frutíferos (SI 1:3).
Agora, Aquele que supre a semente ao semeador e o pão como alimento também suprirá e multiplicará a sua sementeira e aumentará a colheita da sua retidão (2 Co 9:10).

J. A PALAVRA DE DEUS
É COMO UMA ESPADA
Tomem. . a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus'' (Ef 6:17). Veja também Hebreus 4:12.
Observem como Jesus usou a "espada" contra Satanás em Sua tentação no deserto (Lc 4:1-14).

K. A PALAVRA DE DEUS NOS AJUDA A ORAR
"Se vocês permanecerem em Mim e as Minhas palavras permanecerem em vocês, peçam qualquer coisa que vocês quiserem, e lhes será dado " (Jo 15:7).
"Peçam qualquer coisa que vocês quiserem" significa literalmente "peçam como pessoas que têm o direito com autoridade (de ordenarem)". Agora a palavra criativa encontra-se em NOSSAS BOCAS!

L. A PALAVRA DE DEUS
É PODEROSA EM NÓS
"Portanto, todo aquele que ouve estas Minhas palavras e as coloca em prática é semelhante a um homem sábio que edificou a sua casa sobre a rocha. Desceu a chuva, rios levantaram-se, e assopraram os ventos e bateram contra aquela casa. Contudo, ela não caiu, pois tinha os seus fundamentos sobre a rocha (Mt 7:24,25). Veja também os versículos 26 e 27.
Jesus disse que o homem sábio que edificou a sua casa sobre a rocha era uma ilustração daqueles que ouvem a Sua Palavra e a obedecem. A Palavra de Deus produz um concreto (material de construção) interno em nossas vidas de forma tal que ficamos firmes e fortes, não importando o que possa vir contra nós.







PR CHARLES URGNEM





FONTE: Paul Collins o cajado do pastor

segunda-feira, 25 de julho de 2011

SALMO 91

TÍTULO
Este salmo não tem título, e não possuímos meios de saber ao certo o nome do escritor, nem a data de sua composição. Os doutores judaicos consideram que, quando o nome do autor não é mencionado, podemos atribuir o salmo ao último escritor nomeado; e, se for assim, este é outro salmo de Moisés, o homem de Deus. Muitas expressões aqui são similares àquelas de Moisés em Deuteronômio, e a evidência interna, pelas expressões idiomáticas, apontariam-no como o compositor. A vida prolongada de Josué e Calebe, que seguiram plenamente o Senhor, ilustra com grandeza este salmo, pois eles, como recompensa por terem permanecido sempre perto do Senhor, continuaram a viver "entre os mortos, em meio aos seus túmulos". Por essa razão, não é improvável que este salmo tenha sido escrito por Moisés, mas não ousamos ser dogmáticos a esse respeito. Se a pena de Davi foi usada para nos dar esse poema incomparável, não podemos acreditar, como fazem alguns, que ele assim comemorou a praga que assolou Jerusalém por ter contado o povo. Para ele, então, cantar de si mesmo que via "a recompensa dos ímpios" seria inteiramente contrário à sua declaração, "Eu pequei, mas estas ovelhas, o que fizeram?" e a ausência de qualquer alusão ao sacrifício sobre Sião não poderia ser de qualquer forma explicada, visto que o arrependimento de Davi inevitavelmente o teria levado a frisar o sacrifício expiatório e o aspergir do sangue pelo hissopo.

Em toda a coletânea não há nenhum salmo mais alegre, seu tom é elevado e sustentado do começo ao fim, a fé é clara e seu texto é nobre. Um médico alemão costumava dizer que ele era a melhor defesa em tempos de cólera, e, na verdade, constitui mesmo um medicamento celestial contra pragas e pestes. Aquele que pode viver no espírito do salmo 91 será destemido, mesmo que as cidades sejam assoladas por pestes e pragas, e os túmulos se encham de carcaças.

DIVISÃO
Desta vez seguiremos as divisões sugeridas por nossos tradutores no início do salmo, porque são expressivas e sugestivas.
Sl 91.1-2 - O estado dos piedosos.
Sl 91.3-8 - Sua segurança.
Sl 91.9-10 - Sua habitação.
Sl 91.11-13 - Seus servos.
Sl 91.14-16 - Seu amigo, com os bens de todos eles.

DICAS PARA O PREGADOR
VERS. 1.
1. O lugar de moradia secreto. Existe o habitante do mundo das trevas, da terra favorecida, da cidade santa, do átrio exterior; mas o santo dos santos é o "lugar secreto" - comunhão, aceitação.
2. A sombra protetora - segurança, paz; como as aldeias de tempos antigos agrupadas abaixo dos muros dos castelos (Charles A. Davis).
VERS. 1.
1. A pessoa. Quem está em comunhão íntima, pessoal, secreta, per ma com Deus, habitando junto ao propiciatório, dentro do véu.
2. O privilégio. Ele é hóspede de Deus, protegido, revigorado e consolado por ele, e isso até toda a eternidade.

VERS. 1-2. Quatro nomes de Deus.
1. Temos comunhão com ele reverentemente, pois ele é o Altíssimo.
2. Descansamos nele como o Todo-Poderoso.
3. Alegramo-nos nele como Jeová ou Senhor.
4. Confiamos nele como EL, o poderoso Deus.

VERS. 2.
1. Observe os substantivos aplicados a Deus - refúgio de aborrecimentos, fortaleza nas dificuldades, Deus em todo o tempo.
2. Observe os pronomes usados pelo homem - "eu" direi: "meu" refúgio, "minha fortaleza" (G. R.).
VERS. 2. O poder, excelência, fruto, justas razões e confissão aberta de fé pessoal.

VERS. 3. Proteção invisível de perigos invisíveis; sabedoria para enfrentar a esperteza, amor para guerrear contra a crueldade, onipresença para combinar com o mistério; vida para frustrar a morte.
VERS. 3. CERTAMENTE, ou razões para confiar seguramente na proteção de Deus.

VERS. 3-7. Pestilência, pânico e paz (para tempos de epidemias) (Charles A. Davis).

VERS. 3, 8-9.
1. Os santos estão seguros - "Ele te livrará" (Sl 91.3).
2. O mal tem limites - "simplesmente" (Sl 91.8).
3.O Senhor tem razões para preservar quem é seu sempre que "você fizer do Altíssimo o seu abrigo" (v. 9).

VERS. 4.
1. A compaixão de Deus.
2. A confiança dos santos.
3. A armadura da verdade.

VERS. 5-6.
1. A exposição de todos os homens ao medo.
(a) Continuamente, dia e noite.
(b) Merecidamente: "a consciência faz covardes de todos nós".
2. A isenção de alguns homens do medo.
(a) Por causa de sua confiança.
(b) Por causa da divina proteção.

VERS. 7. Como um mal pode estar perto, mas não próximo.

VERS. 8. O que nós realmente temos visto do "castigo dos ímpios".

VERS. 9-10.
1. Deus é nossa habitação espiritual.
2. Deus o preservador de nossa habitação terrena.
3. A verdade geral: que o espiritual abençoa o temporal.

VERS. 10.
1. A bênção pessoal.
2. A bênção doméstica.

VERS. 11-12. Uma Escritura "deturpada" endireitada.
1. A versão de Satanás - presunçosa.
2. A versão do Espírito Santo - de plena confiança (Charles A. Davis).

VERS. 11-12.
1. O Ministério de Anjos empregado por Deus.
(a) Oficial: "ele dará ordens".
(b) Pessoal: "a seu respeito".
(c) Constante: "em todos os seus caminhos".
2. Como apreciado pelo homem.
(a) Para preservação: "o segurarão". Ternamente, mas efetivamente.
(b) Sob limites. Não podem fazer o trabalho de Deus, ou de Cristo, ou do Espírito, ou da palavra, ou de ministros, para a salvação; "não são todos eles espíritos ministradores" (G. R.).

VERS. 12. A preservação de males pequenos - estes são mais preciosos porque muitas vezes são os mais dolorosos, levam a grandes males e envolvem muitos danos.

VERS. 13. O amor do crente colocado em Deus.
VERS. 13.
1. Todo filho de Deus tem seus inimigos.
(a) São numerosos: "o leão, a serpente, o leãozinho, o dragão".
(b) Diversificados: sutis e fortes - "leão e serpente", novo e velho - "leãozinho" e "cobra".
2. Ele finalmente obterá vitória sobre eles - "Você pisará"; "pisoteará"; "O Senhor o livrará (G. R.).

VERS. 14-16. As seis vezes que o futuro de determinação é usado. (Eu o resgatarei, protegerei, darei resposta, estarei com ele, vou livrá-lo, vou cobri-lo de honra).


VERS. 14. Aqui temos:
1. Amor por amor: "Porque".
(a) A razão do amor dos santos em Deus. Há primeiro o amor em Deus sem o amor deles, depois o amor pelo amor deles.
(b) A evidência do amor dele para com eles: "Eu o resgatarei" - do pecado, do perigo, da tentação, de todo mal.
2. Honra por honra.
(a) Ele honrando a Deus. "Porque conhece o meu nome", diz Sl 91.14 e o fez conhecer; Deus honrando-o; "Eu o colocarei no alto" (KJV) - alto em honra, em felicidade, em glória (G. R.).

VERS. 15-16. Observe:
1. As promessas tremendamente grandes e preciosas.
(a) Resposta a oração: "ele clamará".
(b) Consolo em problema: "Estarei com ele".
(c) Livramento do problema: "Vou livrá-lo".
(d) Maior honra depois do problema: livrar "e cobri-lo de honra".
(e) Vida longa o suficiente para satisfazê-lo.
(f) A salvação de Deus: "e lhe mostrarei a minha salvação"; muito mais do que o homem poderia pensar ou desejar.
2. A quem essas promessas pertencem; quem é o ele e lhe a quem estas promessas são feitas. Ele "clama a Deus", diz Sl 91.15; ele "conhece o meu nome, diz Sl 91.14; ele "fez do Senhor a sua habitação", diz Sl 91.9; ele "habita no abrigo do Altíssimo," diz Sl 91.1. Hannah More diz: "Pregar privilégios sem especificar a quem pertencem é como colocar uma carta no correio sem endereço." Pode ser muito boa e conter uma quantia valiosa, mas ninguém saberá dizer a quem é endereçada. O endereço posto nas promessas deste salmo é inconfundivelmente claro e, muitas vezes, repetido (G. R.).

PASTOR CHARLES URGNEM





FONTE:CH.Spurgeeon

sexta-feira, 8 de julho de 2011

UMA JORNADA NO INTERIOR DO CORAÇÃO DE JESUS
Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe o
manto e vestiram-lhe suas próprias roupas.
Então o levaram para crucificá-lo.
Mateus 27.31


"Você estava lá quando crucificaram o meu Senhor?"
Quando criança, eu ficava imaginando o que es­sas palavras poderiam significar. É evidente que o autor do hino tinha a clara intenção de que respon­dêssemos de forma afirmativa. No entanto, não há dúvida de que eu não estava lá quando crucificaram meu Senhor! Nasci séculos após a morte de Jesus. Por cerca de dois mil anos, perdi o acontecimento. Eu também não estava lá quando o colocaram no túmulo nem quando "ressuscitou dentre os mortos".
Todavia, à medida que crescia na compreensão de minha fé, dei-me conta de que eu estava lá. Na verdade, se não estivesse lá, não teria hoje salvação.
Pois foi no Calvário que Jesus se tornou judicialmente culpado por nossos pecados. Graças a seu propósito eterno, posso dizer que ele morreu por mim e, ao ter perdoado meus pecados, "se assentou à direita da Majestade nas alturas" (Hb 1.3). Isso significa que aqueles que não estavam lá morrerão por seus pecados.
A cruz é bastante mal-interpretada nos dias de hoje. Isso pode ser comprovado pelo fato de ser quase impossível achar alguém que diga algo negativo a res­peito dela. A cruz é usada como pingente por atle­tas, adeptos do Movimento Nova Era e astros de rock. Esse indescritível instrumento de morte e cruel­dade é agora símbolo de união, tolerância e espiri­tualidade de todos os gêneros. O "escândalo da cruz", como diz Paulo, há muito desapareceu, quando a mensagem foi reinterpretada para se adequar à men­te moderna. Muitos dos que usam a cruz no pescoço ficariam horrorizadas se compreendessem seu ver­dadeiro significado.
Por exemplo, deixe-me apresentar-lhes uma mu­lher de "trinta e poucos anos" que encontrei em um avião a caminho de Cleveland. Minha esposa e eu estávamos sentados juntos, e notei que a mulher sentada do outro lado do corredor usava um colar com uma cruz. Na expectativa de iniciar uma conver­sa, eu lhe disse:
Graças a esta cruz, temos realmente um Salva­dor maravilhoso, não é mesmo?
Surpresa, ela virou os olhos e respondeu:
Bem, não creio que compreenda a cruz dessa maneira. Veja isto.
Ela tomou a cruz em sua mão e mostrou que por baixo dela havia uma estrela de Davi e, logo depois, um pingente que simbolizava o deus hindu Om.
Trabalho no serviço de assistência social. As pessoas com quem trabalho vêem Deus de diver­sas formas. O cristianismo é apenas um dos cami­nhos para chegar a ele.
Você pode imaginar o debate acalorado que tive­mos nos vinte minutos seguintes, sobre a possibili­dade de a cruz ser partilhada com outras religiões. Expliquei que a cruz pode ser unida a outros símbo­los em um colar, mas nunca na realidade. Quanto mais compreendesse a cruz, mais claramente enten­deria que ela precisava estar sozinha. Combiná-la com qualquer outra religião, filosofia ou ideário humano é destruir seu significado. Descobri mais uma vez que o mundo, de maneira geral, fica profundamente es­candalizado pela mensagem da cruz. Quanto mais a massa compreende o que Jesus fez e por quê, mais a cruz é desprezada.
Alguns dos que querem ser reconhecidos como cristãos interpretam a cruz como o mais alto tributo ao valor humano. Raciocinam da seguinte forma: "Já que Deus se dispôs a mandar seu Filho para morrer por nós, isso significa que somos pessoas de grande valor. Por isso, devemos usar a cruz como meio de confirmar nossa dignidade e reforçar nossa auto-esti­ma". Assim, sem perder o respeito próprio, o ser hu­mano pode concluir que tem o direito de ser abençoado por Deus simplesmente pelo fato de ser quem é (humano). A cruz, assim, não será ofensiva para ninguém, nem será estigmatizada como loucu­ra. Recordo-me de uma placa acima do tabuleiro de um vendedor durante um evento no Brasil: "Cruzes baratas à venda".
Pessoas assim não captam a mensagem central da cruz. Não apenas o fato de Jesus ter morrido por nós é importante, mas também a forma que ele morreu. A cruz não era apenas uma forma cruel de assassina­to: ela humilhava as vítimas. Era utilizada para exe­cutar os mais amaldiçoados. O procedimento, como todas as torturas, acabava com a vítima nua, sem di­reitos, sem respeito e sem refúgio algum. Logo, a cruz não prova apenas o amor generoso de Deus para com os pecadores, mas também a intensidade de nosso pecado e de nossa rebelião contra ele. Para nós, amar o pecado seria como amar a faca usada para matar uma criança.
Ouça com atenção cada palavra de sir Robert Anderson, que escreveu esta poderosa declaração:


A cruz calou o homem quanto à graça e ao juízo. Pôs abaixo todas as "divisórias" e deixou o mun­do repleto de pecadores indefesos, tremendo, à beira do inferno. Todo esforço que puderem empreender por si mesmos será tão-somente a nega­ção da perdição e também a negação da graça divina que se inclina para abençoá-los onde e como estiverem.


A cruz, corretamente compreendida, não exalta ninguém que não tenha sido primeiramente humi­lhado. Ela apenas vivifica os que primeiramente "ma­tam". A cruz expõe a futilidade de nosso sentimento de superioridade moral e faz-nos recordar que so­mos pecadores, incapazes de efetuar nossa reconcili­ação com Deus. Perante a cruz, podemos apenas ficar com a cabeça baixa e o espírito abatido.
Sim, estávamos lá quando nosso Senhor foi cru­cificado. Herbert Butterfield escreveu:


A crucificação, seja lá qual for nossa interpreta­ção, acusa a natureza humana, acusa-nos das mesmas coisas que pensamos ser virtudes nossas [...] Nossa posição quanto à crucificação deve ser a de nos identificarmos com o resto da natureza humana. Devemos dizer: "Nós o fizemos". E a incapacidade de adotar semelhante atitude, no caso dos acontecimentos do século xx, é a causa de nossa absurda falta de condição de lidar com o problema do mal.
A menos que nos vejamos merecedores do vere­dicto que Pilatos deu a Jesus e a menos que nos ve­jamos dignos do inferno, jamais entenderemos a cruz. Alguém já disse que, para nós, é difícil abraçar a cruz quando a satisfação pessoal é soberana.


Ao contrário da crença popular, a mensagem cen­tral do cristianismo não é o Sermão do Monte nem as parábolas de Jesus que ilustram amor ao próxi­mo. A mensagem que transformou o mundo do pri­meiro século era que os seres humanos são culpados, irremediavelmente culpados por pecados que não podem ser compensados. A cruz destrói todo o or­gulho e acaba com o valor fundamental do esforço próprio. A cruz é a prova do grande amor de Deus, mas também revela monstruosidade. Por incrível que pareça, os discípulos proclamaram que a humilhan­te e cruel execução de Jesus foi também o mais as­sombroso fenômeno salvífico de Deus. Não é de admirar que isso fosse um obstáculo para os religi­osos e uma insensatez para os que se consideravam sábios! E não foi à toa que isso mudou o mundo deles.
Outros interpretam erroneamente a cruz, consi­derando-a uma bandeira a ser defendida, e não um meio de execução. Hoje em dia, estamos afunda­dos no que podemos chamar "cristianismo cultu­ral", doutrina que embrulha a cruz de Cristo na bandeira de qualquer nação. Nos Estados Unidos, pessoas bem-intencionadas equiparam o sonho americano com o sonho de Deus para a nação. Assim, existe um programa político cristão com matizes nacionalistas no que tange à defesa, à liberdade re­ligiosa e aos boicotes de diversos gêneros. Contu­do, por mais válidos que sejam esses objetivos, identificados como iniciativas "cristãs", freqüente­mente obscurecemos a mensagem que o mundo pre­cisa ouvir com clareza e firmeza. Pergunte sobre a fé cristã a algum cidadão americano comum, e ele lhe dará diversas respostas, muitas vezes fazendo menção a programas políticos. Poucos sabem que a doutrina central do cristianismo é que Cristo mor­reu na cruz para salvar os pecadores da destruição eterna.
Será que nos esquecemos — nós, cristãos compro­metidos — de que o poder de Deus é mais claramente visto na mensagem da cruz que em qualquer projeto político ou social que possamos inventar? A busca do antídoto para nossas míseras desgraças não seria o sintoma de que perdemos a confiança no poder da cruz para a salvação do ser humano? Será que nos agarramos à cruz com a verdadeira convicção de que ela não é apenas parte de nossa mensagem, compre­endendo corretamente seu todo?
E aqui vem o alerta. P. T. Forsythe, ao falar sobre a cruz como ponto central da obra de Deus pelos pecadores, escreveu: "Se você deslocar a fé daquele centro, você pôs o prego no caixão da igreja. A igreja é então sentenciada à morte, e é apenas uma questão de tempo até que venha a falecer". A igreja só pode viver e respirar na cruz. Sem isso, não há vida ou razão para existir. Oportunamente proclamada, ela é "o poder de Deus para a salvação".
Outros pensam na cruz com profundo sentimentalismo, mas sem espírito de arrependimento. Na sala de espera de um hospital, conheci uma mulher que meditava nos ferimentos de Jesus, tendo nas mãos um pingente de Cristo crucificado.
Ele sofreu tanto! É inacreditável! — ela disse com lágrimas nos olhos.
Lembrei-a de que Jesus sofreu pelos nossos pecados.
Sim — ela respondeu —, mas por que tanto sofrimento? Sofrer por umas poucas mentiras que dizemos e por umas poucas coisas que fazemos de errado?
Aquela senhora — que Deus a abençoe —- chorou pelos sofrimentos de Jesus na cruz, mas não pelos próprios pecados, que o puseram lá. Expliquei-lhe da melhor maneira que pude que, se compreendês­semos a santidade de Deus, não falaríamos sobre "pequenas mentiras" e "umas poucas coisas que fa­zemos de errado". Por um lado, a maioria das pessoas tem mais que umas poucas e "pequenas" transgressões no currículo. Por outro lado, o primeiro mandamento diz: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu cora­ção, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças" (Mc 12.30). Essas palavras condenam a todos nós, pois por natureza nos mante­mos preocupados com nossos interesses. Se somente pensarmos em Deus como uma extensão de nós mes­mos, concluiremos que nosso pecado não é muito grave. Ravi Zacharias conta que uma nova convertida lhe escreveu dizendo que sempre que lê sobre a cruz cai de joelhos, pensando no amor de Deus. Mas quando lê a respeito do inferno, fica zangada com Deus. Ela aparentemente não percebe que não po­demos entender a cruz, a menos que compreenda­mos o inferno. Sem o inferno, a cruz perde todo o significado.
O sofrimento de Jesus foi terrível, pela simples razão de que nosso pecado ê terrível. E devemos ter sempre em mente que o sofrimento de Jesus não foi somente físico — o pior não foram as lacerações, a coroa de espinhos e os pregos. O sofrimento espiri­tual que ele suportou quando a associação com o Pai foi interrompida por três horas na cruz foi o supre­mo sofrimento, agonia que você e eu jamais experi­mentaremos.
Tenha em mente que a crucificação — com todos os seus horrores — era comum no primeiro século. Estima-se que os romanos crucificavam 30 mil pes­soas por ano. Era a forma de execução normalmente aceita para prisioneiros políticos e criminosos de vá­rias espécies. Esses homens suportaram o mesmo so­frimento físico que Jesus. Mas o cálice que o Pai deu para Jesus beber significa que ele levou sobre si nos­sos pecados. A grandeza da santidade do nosso Sal­vador em contato com nossa iniqüidade é o que importa no Calvário.


PR CHARLES URGNEM 




Fonte: Erwin W. Lutzer
 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Um brado de garantia
"Hoje você estará comigo no paraíso."
Lucas 23.43


Todos nós achamos difícil conversar com quem está à beira da morte, especialmente sobre a morte iminente. As enfermeiras contam que amigos e parentes adotam um código de silêncio, evitando falar no assunto sobre o qual o amigo moribundo gostaria de conversar. Quando o homem que havia sido meu médico estava prestes a morrer devido a um câncer, eu soube que não era hora para superficialidades. Debrucei-me sobre sua cama e sussurrei qua­se que diretamente em seu ouvido:
Doutor, você tem de aceitar a Jesus como seu Salvador.
Ao que ele respondeu:
Eu sei que tenho, mas não sei como.
Eu sei que tenho, mas não sei como! Naquela tarde, Deus deu-me o privilégio de lhe mostrar "como", e nas poucas semanas que lhe restavam ele não ape­nas teve a certeza de que iria para o céu, como tam­bém quis que lessem a Bíblia para ele. Teria sido muito melhor se ele tivesse conhecido a fé em Cristo no início da vida, mas, felizmente, a graça de Deus é concedida até mesmo aos que estão no limiar da morte. Sim, antes tarde do que nunca.
Se fôssemos o centurião responsável pela crucifi­cação, teríamos posto os dois ladrões próximos um do outro e Jesus mais afastado. O soldado romano provavelmente não tinha a menor idéia do motivo pelo qual ajeitara as cruzes naquela posição, mas es­tava cumprindo uma antiga profecia: "Ele [...] foi contado entre os transgressores" (Is 53.12). Deus decretou que ele, que era o mais santo, deveria mor­rer entre os mais profanos. Jesus não apenas morreu entre criminosos, mas foi considerado um deles, e nis­so está a essência do Evangelho.
Deus tinha suas razões para decretar que Jesus fos­se crucificado entre dois bandidos. Queria demons­trar a intensidade da vergonha que seu Filho estava disposto a suportar. No nascimento, foi cercado por animais, e agora, na morte, por criminosos. Não per­mita que ninguém diga que Deus se manteve fora da ruína de nosso mundo decadente. Ele desceu para que pudéssemos subir com ele em novidade de vida. Mas, voltemos ao que estávamos examinando.
Nossa atenção volta-se para os dois homens cruci­ficados ao seu lado. Um deles, em particular, merece especial consideração, por ter recebido a promessa de que devemos participar se formos morar no céu com nosso Senhor. Aqui, encontramos segurança para os que estão morrendo de câncer nas enfermarias de hospitais e também esperança para o forte e para o saudável, que poderão um dia encontrar a morte de forma repentina. Aqui há esperança para o pior e maior dos pecadores.
Que dia teve aquele ladrão! Pela manhã, ele esta­va sendo, com justiça, crucificado. Ao anoitecer, foi recebido no Paraíso por Jesus!
Pensemos nessa história.


Sua situação

A ficha desse homem mostra que se tratava de um criminoso profissional, um ladrão "osso duro de roer" que, de início, se juntou aos inimigos de Jesus para ridicularizá-lo: "Igualmente o insultavam os ladrões que haviam sido crucificados com ele" (Mt 27.44). Sua atitude era semelhante à de seu parceiro no cri­me, suspenso do outro lado de Jesus. Não sabemos qual dos dois era o mais pecador, mas ambos podi­am ter constado na lista dos mais procurados de Je­rusalém.
Sendo tão ruim, ele representa todos nós. Pode­ríamos rejeitar tal idéia, argumentando que não so­mos ladrões, não assaltamos bancos nem arrancamos bolsas de velhinhas que caminham pela rua. Mas a honestidade exige a admissão de que todos nós rou­bamos a Deus. Suponha que você foi nomeado por uma empresa de Nova York a fim de representar os interesses da empresa em Chicago. Todos os meses, mandam-lhe seu cheque, o qual você, de bom grado, assina e embolsa. Só que, na verdade, você jamais trabalhou para essa empresa, e sim em prol de outra. Isso não seria roubo?1
Esse exemplo nos descreve de maneira exata. Deus nos dá a vida, talentos, habilidade de ganhar dinhei­ro, amigos e ainda assim glorificamos a nós mesmos em vez de glorificá-lo. Em vez de glorificar a Deus, vivemos para nós mesmos e, involuntariamente, ser­vimos os interesses egoístas de Satanás. Se parássemos de fazer comparações entre nós mesmos e sujeitássemos nosso histórico diante da face de Deus, veríamos que não somos muito melhores que o la­drão que se juntou aos amigos que estavam zom­bando de Jesus.
Esse homem não tinha nenhuma expectativa. Era muito tarde para um novo começo, muito tarde para esperar que suas boas ações sobrepujassem as más. O escritor Arthur Pink comenta: "Ele não tinha como trilhar as veredas da virtude, pois tinha um prego atravessado nos pés. Não tinha como realizar nenhuma boa ação, pois linha um prego atravessado nas mãos. Não tinha como virar a página e seguir vivendo uma vida melhor, pois estava morrendo".2 No en­tanto, a impossibilidade não é uma maldição, se nos atrair para o único que pode nos ajudar. Na verda­de, se não estivermos indefesos, não temos como ser salvos.
Lá na cruz, esse homem — que Deus o abençoe! — teve o coração transformado.


Sua notável fé

E muito provável que o ladrão não tivesse visto Jesus até aquele dia. Quando os três homens foram prega­dos na cruz, ele pensou que Jesus fosse apenas outro criminoso. Quando as cruzes foram erguidas e fincadas nos buracos, o ladrão não tinha motivo algum para acreditar que se encontrava na presença da Majesta­de. O Gólgota era o lugar onde morriam os crimino­sos. Não era lugar para encontrar a Divindade.
O que o fez mudar de idéia? Podemos supor que, em primeiro lugar, ele ouviu Jesus orar: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo" (Lc 23.34). Ele não pôde esquecer aquelas palavras, pois somente um homem que conhecesse a Deus podia suplicar ao Pai o perdão para outras pessoas. A ora­ção penetrou em sua consciência, e ele percebeu a estupidez e a cegueira do próprio coração. Reconhe­ceu que também precisava de perdão.
Ele então ouviu a infeliz afirmação da multidão: "Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo!" (Mt 27.42). As palavras foram ditas para desafiar e ridicularizar Jesus, mas o ladrão pensou: "O que eles querem dizer com 'salvou os outros'?". Conforme a multidão ia repassando suas palavras e seus milagres, o criminoso começou a ponderar so­bre a zombaria que fizera e começou a perceber que podia estar justamente na presença do Salvador.
Além disso, Pilatos escreveu o que alguém chamou "panfleto evangélico", pregando-o na parte superior da cruz. Era habitual escrever o crime do crucificado em uma placa para que os passantes pudessem ver o moti­vo da execução. Pilatos escreveu: "Este é o Rei dos Ju­deus" (Lc 23.38). Alguns protestaram: "Não escrevas 'O Rei dos Judeus', mas sim que esse homem se dizia rei dos judeus" (Jo 19.21). Mas Pilatos, em um raro enlevo de coragem, não mudou de opinião, e a placa foi posta no lugar.
Quando Jesus desfilou pelas ruas de Jerusalém, a placa o acompanhou. Já na cruz, o ladrão pode ter lido a frase ou, mais provavelmente, tê-la ouvido em meio à zombaria. De qualquer forma, agora acredi­tava que Jesus era o Rei, pois implorou: "Jesus, lem­bra-te de mim quando entrares no teu Reino" (Lc 23.42; grifo do autor). Inacreditavelmente, Deus fez nascer a fé no coração daquele homem.
Pense nisso! Ele creu em um momento no qual Jesus estava aparentemente sem condições de salvar quem quer que fosse. Na verdade, aparentemente ele mesmo precisava ser salvo! Jesus estava suspenso como uma vítima indefesa, não como um rei. Quan­do você precisa de salvação, não recorre a alguém na mesma situação. Quando você precisa de salvação, não recorre a alguém que esteja morrendo em des­graça. O bom senso nos diz que o Salvador deve es­tar acima do destino dos mortais.
Que salvador usaria uma coroa coberta de san­gue? Que salvador teria a barba arrancada pela raiz? O corpo de Jesus estava em colapso. Os cravos havi­am rasgado seus pés e mãos. Seu queixo estava apoi­ado no peito, exceto quando reunia forças suficientes para levantar a cabeça e respirar. Que visão chocan­te! E, apesar de tudo, o ladrão creu!
Um Messias que podia ser assassinado pelos inimigos não era o que os judeus procuravam. As es­peculações acerca do Messias diziam que ele afugen­taria os romanos que ocupavam a terra, estabelecendo um reino. Quando Jesus explicou aos seus discípulos que deveria ser crucificado, eles ficaram pasmados. E, naquele dia, até mesmo os que acreditavam nele tiveram dúvidas. Ao mesmo tempo em que o sangue escorria do corpo de Cristo, a fé escoava do coração de seus seguidores. Ainda assim, o ladrão creu!
O ladrão acreditou antes que as trevas caíssem sobre a terra, antes do terremoto e antes que o véu do Templo fosse rasgado em dois. Ele creu sem ter provas da ressurreição ou da ascensão de Jesus Cris­to. Ele creu sem ver Jesus andar sobre as águas, ali­mentar multidões ou transformar água em vinho. Por mais improvável que fosse, ele creu.
Arthur Pink nos desafia com esta pergunta: "Como explicar o fato de esse ladrão moribundo ter aceitado um homem crucificado e sangrando como seu Deus?". Não se pode achar a resposta a essa pergunta pela análise psicológica do indivíduo. A res­posta é encontrada na misericórdia imerecida de Deus. O Espírito Santo atraiu seu coração delinqüen­te para o homem da cruz do meio. E ele creu.
A jornada de fé do ladrão começou quando ele repreendeu seu parceiro no crime: "Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença? Nós estamos sendo punidos com justiça..." (Lc 23.40,41). Sua consciência, uma vez despertada, dizia-lhe que temesse a Deus, pois o julgamento estava próximo. Ele honestamente admitiu que estava sofrendo "com justiça", ou seja, estava tendo o que merecia. Não se justificou nem apresentou desculpas. O máximo que podia fazer era esperar que seu companheiro do ou­tro lado também admitisse os próprios pecados.
Lutando com cada palavra, voltou-se e disse a Je­sus: "Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino" (Lc 23.42; grifo do autor). Ele não pediu para ser honrado quando Cristo entrasse em seu Reino. Pediu apenas para ser lembrado. Era um pária na so­ciedade, alguém que a família e conhecidos ficariam felizes em esquecer. Seu pedido foi modesto — "Lem­bra-te de mim" —, mas que honra seria ser lembrado por Deus.
Sua fé era corajosa. A multidão caçoava de Jesus. Os agitadores o insultavam: "Se você é rei, onde está seu reino?". E ainda: "Se você é rei, desça da cruz!". O ladrão foi contra o consenso. Rechaçou o crescen­te clamor de vozes que poderia tê-lo desviado do caminho. Um amigo meu disse que só aceitaria a Cristo como seu Salvador se fosse morar longe da família e dos amigos. Achava que o escárnio e a re­jeição seriam insuportáveis. Só admitiria crer em se­gredo. Não é de admirar que se diga que o inferno está cheio de "covardes e incrédulos". Mas o ladrão não se importou com a opinião dos outros. Ele creu.


Seu maravilhoso futuro

Jesus excedeu, e muito, as expectativas do ladrão ar­rependido. "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso" (Lc 23.43).
O encontro entre eles ocorreria naquele mesmo dia. A frase "você estará comigo" descreve a comunhão da qual desfrutariam. A maior bênção para o cristão encontra-se no fato de que Deus nos chamou "à co­munhão com seu Filho Jesus Cristo" (ICo 1.9). Na noite anterior, Jesus fizera uma promessa semelhan­te aos seus amigos mais próximos: "Se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver" (Jo 14.3). Ina­creditavelmente, o ladrão recebeu a mesma promes­sa que os discípulos! Ele estava tão seguro nos braços de Jesus quanto estaria se tivesse servido ao Senhor desde a juventude.
O fato de Jesus ter ou não descido ao Hades, como ensina o Credo dos apóstolos, é debatido por teólogos. Se fez isso, foi por um curto período, pois havia prometido ao ladrão que estariam juntos na­quele mesmo dia. Alguns colegas — que Deus os abençoe! — acreditam no "sono da alma", conceito que defende a idéia de que a alma dorme incons­ciente até o dia da ressurreição. Mas essa doutrina não está fundamentada nas Escrituras, e sim nos escritos de uma suposta profetisa, a qual não é con­siderada confiável por muitos. Aqui não há lugar para teorias sofisticadas ou jogos de palavras. Jesus disse: "Hoje você estará comigo no paraíso" (grifo do autor).
Naturalmente, Jesus morreu antes do ladrão e estava pronto para recepcioná-lo no local de habita­ção eterna. Spurgeon escreveu que "esse homem que foi seu último companheiro na terra" foi também seu "primeiro companheiro nos portões celestiais".5 O ladrão esteve com ele na condenação e, algumas ho­ras mais tarde, estava com ele na eternidade. Se o Cristo agonizante pôde dar ao ladrão a promessa de salvação eterna, pense no que o Cristo vivo pode fazer!
Ainda que eu corra o risco de ser mais claro do que deveria, deixe-me apontar os seguintes fatos sobre a salvação do ladrão:
Ele não fez uma parada no Purgatório, a cami­nho do Paraíso.
Ele não era batizado.
Ele não recebeu os últimos ritos da Eucaristia.
Ele não pediu à Maria, que estava em pé diante da cruz, ajuda para se aproximar de Jesus.
Para dar mais ênfase à promessa, Jesus iniciou com a frase "Eu lhe garanto". Era uma nota promissória expedida pelo Banco do Céu, tão digna de confiança quanto o homem que a assinava. Suspenso em apa­rente desamparo, Jesus ainda controlava os portões do Paraíso. Ele tinha o poder de fazer promessas e julgar o culpado. Jesus jamais desempenhou o seu papel de Rei de forma tão autêntica quanto naquele momento.


Sua fé é testada

Coloquemo-nos na situação do ladrão que agoniza­va. Ele ouvira a promessa dos lábios de Jesus, porém mais tarde, ao meio-dia, as trevas se espalharam por toda a terra. Ele ouve o Salvador, que acabara de encontrar, bradar: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?" (Mt 27.46). Depois disso, ocor­reu um terremoto, e as pedras se partiram ao meio. "Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra tremeu, e as ro­chas se partiram" (Mt 27.51).
Ao ver a escuridão e ser sacudido pela terra que tremia sob si; ao ouvir o brado de agonia da mesma pessoa em quem havia acabado de depositar sua con­fiança, ondas de dúvida cobriram sua fé. Talvez, no fim, seu Salvador não o pudesse salvar! Como pode­ria conduzir pecadores à presença do próprio Deus, se este o havia abandonado? Como podia falar com autoridade sobre o céu, quando, aparentemente, não conseguia controlar o caos sobre a terra?
Com ou sem dúvidas, a promessa de Jesus ainda era válida. Ainda que a fé do ladrão houvesse desa­parecido naquelas três horríveis horas, seu destino estava assegurado. Jesus havia falado, e isso era tudo que importava. "Quem crê no Filho tem a vida eter­na; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele" (Jo 3.36).
Conheço cristãos que sofrem do mal de Alzheimer, que nem sequer conseguem lembrar que confiaram em Cristo como Salvador. Outros, com as faculda­des mentais em pleno funcionamento, passaram por enorme aflição emocional com a aproximação da morte. Um missionário que passou vários anos no trabalho de evangelização enfrentou uma morte tor­turante em função de um câncer. Suas falsas espe­ranças e seus sonhos não realizados acabaram com sua fé. Ele morreu acreditando que havia sido aban­donado por Deus. Suas últimas palavras foram: "Sin­to-me aprisionado".
William Cowper (1731-1800), poeta que amava a Deus e se converteu em tenra idade, sofria de pro­blemas mentais. Durante seus acessos de depressão, acreditava estar condenado. Certa vez, ao entardecer, escreveu:


Deus age de forma misteriosa
Nas maravilhas que realiza.6


Ainda assim, naquela mesma noite, Cowper ten­tou se suicidar. E, quando falhou, acreditou estar mais "condenado que Judas". Mas todos que o conheciam davam testemunho de seu profundo amor a Deus e ao Evangelho. Ele acreditava apaixonadamente em Cristo, e, no fim, isso é tudo que importa. As confu­sões de seu estado mental não invalidavam a pro­messa de Jesus, e é sua promessa que vale.
Deixe que o ladrão desanime; que tenha receio; que venha a pensar que aquele em quem havia de­positado sua fé não tinha como cumprir a promes­sa — isso não importa. Deus havia falado. Naquele dia, ele estaria com Jesus no Paraíso. E, quando ele escutou a oração final de Jesus — "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23.46) —, sua fé foi indubitavelmente restaurada. O sofrimento agora era suportável, pois seu terrível dia logo te­ria um fim.
Essa extraordinária história traz-nos algumas lições.


Lições transformadoras

Lembremo-nos de que ambos os ladrões oraram, mas apenas um foi salvo. O outro ladrão disse: "Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!" (Lc 23.39; arc). O homem agonizante pensou: "Se Je­sus é rei, por que deixaria de exercer sua soberania, salvando os três que estão sendo crucificados hoje?". Esse ladrão queria estender a vida na terra por mais alguns dias ou anos. E se Jesus tivesse ouvido a ora­ção dele e salvado a si mesmo e aos outros dois? Ele teria cancelado o plano de Deus e não poderia salvar ninguém mais. O problema desse ladrão é que ele se importava apenas com esta vida, não com a próxima. "Ele não sentia qualquer arrependimen­to pelos seus pecados, apenas a aflição de estar sofrendo as conseqüências de seus atos".7 Jesus mor­reu para que o ladrão perdoado pudesse estar no Paraíso e para que você e eu possamos estar com ele no futuro.
Jesus foi contado com os transgressores, para que você e eu pudéssemos ser contados com os redimidos. Embora fosse pessoalmente puro, foi considerado transgressor tanto por Deus quanto pelo homem. Ele sofreu o que não merecia, ou seja, o nosso pecado, e nós tivemos o que não merecíamos, ou seja, sua jus­tiça. "Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2Co5.21).
Os ladrões tiveram a mesma oportunidade. Am­bos ouviram as palavras de Jesus: "Pai, perdoa-lhes". Ambos sabiam que Jesus estava sendo ridiculariza­do por afirmar ser o Rei dos judeus. Ambos ouviram o que diziam os inimigos de Jesus: '"Salvou os ou­tros', diziam; 'salve-se a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Escolhido'" (Lc 23.35). Mesmo assim, am­bos estarão separados para sempre, cada um com seu destino. Mesmo enquanto você lê estas palavras, um está na presença de Deus, e o outro, em um lugar de isolamento, tristeza e terror. O que os separou não foi a intensidade do mal que praticaram nem o distanciamento que tinham de Cristo. Eles estão se­parados porque um pediu ajuda a Cristo, enquanto o outro o ridicularizou.
Esses ladrões representam toda a raça humana. Em última análise, o mundo não é dividido geográfi­ca, econômica ou racialmente. Não podemos traçar uma linha separando as pessoas mais ou menos boas das mais ou menos más. Todas as raças, nações e culturas estão divididas pela cruz. De um lado, estão os que crêem, do outro, os que optam por se justifi­car, determinados a entrar na presença de Deus por conta própria. O céu e o inferno não são lugares dis­tantes, estão próximos de nós. Tudo depende de como nos comportamos com Jesus.
Por fim, caro leitor, hoje é o dia para crer em Cris­to. Alguns vêem o ladrão como exemplo de "conver­são no leito de morte", e conheço pessoas que acreditam que algum dia também crerão, mas logo antes de morrer. No entanto, poucos, muito poucos são salvos nas últimas horas ou dias de vida na terra. Um puritano, ao comentar a conversão do ladrão que ocorreu no momento de sua morte, com perspicácia falou: "Esse caso está registrado para que ninguém se desespere, somente aquele que ninguém poderia imaginar".
Warren Wiersbe observa que o ladrão não foi salvo na última oportunidade, e sim na primeira. Ele não estava presente quando Jesus transformou água em vinho nem quando Jesus acalmou a tempestade ou alimentou as multidões. Não ouviu o Sermão do Monte nem as palavras que Cristo disse ao paralítico: "Os seus pecados estão perdoados". Aquela foi a pri­meira oportunidade para acreditar em Cristo.
Existem duas grandes razões para não perdemos tempo em aceitar a Cristo como nosso Redentor pes­soal. Primeira: não sabemos a hora em que morrere­mos. Nem todos recebem aviso. Nem todos morrem de doenças terminais ou permanecem conscientes de­pois de um acidente de carro. Milhões de pessoas morrem de forma repentina, sem ter ao menos um minuto para pensar sobre seu relacionamento com Deus. Segunda: a maioria dos que rejeitam o Evan­gelho quando estão saudáveis continuará rejeitando quando chegar a hora da morte. Conforme ficamos mais velhos, ou nosso coração é atraído mais para perto de Cristo ou é impelido a se afastar mais e mais dele. É impossível permanecer neutro.
O ladrão que não se arrependeu comprova essa teoria. Veja-o lá na cruz, sofrendo indizível agonia. Ele sabe que está a ponto de morrer. Seu amigo o ajudara a ter consciência de seus grandes pecados. E, ainda assim, por incrível que pareça, ele zomba de Jesus em seu último suspiro! Como a maioria das pessoas, morreu da mesma forma que viveu. Não é de admirar que o escritor de Hebreus tenha perguntado: "Como escaparemos, se negligenciar­mos tão grande salvação?" (Hb 2.3). Obviamente, não há escape.
Já o ladrão arrependido nos dá a esperança que todos buscamos. Ainda que tivesse muitos pecados, tornou-se uma testemunha da imerecida graça de Deus. Ele é a prova de que um ato de fé pode salvar até mesmo o pior dos pecadores. Na verdade, a ques­tão não está no tamanho de nosso pecado, mas em nossa disposição para crer, a qual determina nosso destino.
William Cowper, embora atormentado pelas dú­vidas, compreendeu que, se o ladrão pôde ser salvo, todos nós podemos ser salvos também. Ele escreveu um hino intitulado There is a fountain fdled with blood [Há uma fonte cheia de sangue}. Uma de minhas estro­fes favoritas diz:


Agonizante, o vil ladrão, contrito, achou na cruz a mais perfeita redenção na graça de Jesus.


O perdão dado ao ladrão lembra-nos que há mais graça no coração de Deus que pecado em nosso pas­sado. Nós, da mesma forma que ele, também pode­mos ser bem recebidos na eternidade. Basta transferirmos nossa confiança para aquele que guar­da as chaves do Paraíso.


PR CHARLES URGNEM






FONTE : Erwin W. Lutzer.